sexta-feira, 28 de junho de 2013

SUBVERSIVA – Ferreira Gullar


Dizem que a poesia é coisa de frutinha, além de dizerem que ela não serve para nada. Muitos incautos, como jugos as pessoas que não entendem o valor e a praticidade da poesia, dizem que poesia é gasto de papel e tempo. Contudo, para Ferreira Gullar, a poesia é uma arma, uma bandeira social com a qual as grandes revoluções sociais podem ser praticadas. A poesia é subversiva porque ela não deve (como todas as formas de manifestação do pensamento) se sujeitar a ninguém; a poesia é subversiva porque sua jovialidade e sua liberdade a fazem como um pássaro no céu, que está livre de todas as loucuras e pirações criada pelos outros animais, a poesia está (e sempre deve estar) além de ser ( e sempre deve ser) livre, não asujeitada ou encomendada; A poesia é o estatus que o homem procura, a poesia é a concretude da felicidade, a liberdade, ela é o arquétipo da total liberdade, tão sonhada pelo homem. De sua liberdade, ou seja, de si, a poesia grita e relincha e se desculpa como se nada acontecesse, a verdade vira um grito, ou melhor, balas (não de borracha!!) contra a imoralidade dos governantes do povo. Nesse sentido, mais uma vez, a poesia é um anseio de verdade e liberdade, um espaço onde o homem busca a si mesmo:  



Subversiva

A poesia
quando chega
não respeita nada.
Nem pai nem mãe.
Quando ela chega
de qualquer de seus abismos
desconhece o Estado e a Sociedade Civil
infringe o Código de Águas
relincha
como puta
nova
em frente ao Palácio da Alvorada.
E só depois
reconsidera: beija
nos olhos os que ganham mal
embala no colo
os que têm sede de felicidade
e de justiça
E promete incendiar o país




sexta-feira, 14 de junho de 2013

O POVO AO PODER - CASTRO ALVES, O POETA DAS REVOLUÇÕES POPULARES

Castro Alves é essencialmente moderno, se o tomarmos pelo tema. O poema de sua autoria que segue, tem um tom republicano, um grito que deve sempre ser lembrado, quando se observa a injustiça gritar nos antros de nossa sociedade. 



O povo ao Poder

Quando nas praças s’eleva
Do Povo a sublime voz…
Um raio ilumina a treva
O Cristo assombra o algoz…

Que o gigante da calçada
De pé sobre a barrica
Desgrenhado, enorme, nu
Em Roma é catão ou Mário,

É Jesus sobre o Cálvario,
É Garibaldi ou Kosshut.

A praça! A praça é do povo
Como o céu é do condor
É o antro onde a liberdade
Cria águias em seu calor!

Senhor!… pois quereis a praça?
Desgraçada a populaça
Só tem a rua seu…

Ninguém vos rouba os castelos
Tendes palácios tão belos…

Deixai a terra ao Anteu.
Na tortura, na fogueira…
Nas tocas da inquisição
Chiava o ferro na carne
Porém gritava a aflição.

Pois bem…nest’hora poluta
Nós bebemos a cicuta
Sufocados no estertor;

Deixai-nos soltar um grito
Que topando no infinito
Talvez desperte o Senhor.

A palavra! Vós roubais-la
Aos lábios da multidão
Dizeis, senhores, à lava
Que não rompa do vulcão.

Mas qu’infâmia! Ai, velha Roma,
Ai cidade de Vendoma,
Ai mundos de cem heróis,

Dizei, cidades de pedra,
Onde a liberdade medra
Do porvir aos arrebóis.

Dizei, quando a voz dos Gracos
Tapou a destra da lei?
Onde a toga tribunícia
Foi calcada aos pés do rei?

Fala, soberba Inglaterra,
Do sul ao teu pobre irmão;
Dos teus tribunos que é feito?
Tu guarda-os no largo peito
Não no lodo da prisão.

No entanto em sombras tremendas
Descansa extinta a nação
Fria e treda como o morto.

E vós, que sentis-lhes os pulso
Apenas tremer convulso
Nas extremas contorções…

Não deixais que o filho louco
Grite “oh! Mãe, descansa um pouco
Sobre os nossos corações”.

Mas embalde… Que o direito
Não é pasto de punhal.
Nem a patas de cavalos
Se faz um crime legal…

Ah! Não há muitos setembros,
Da plebe doem os membros
No chicote do poder,
E o momento é malfadado
Quando o povo ensangüentado
Diz: já não posso sofrer.

Pois bem! Nós que caminhamos
Do futuro para a luz,
Nós que o Calvário escalamos
Levando nos ombros a cruz,

Que do presente no escuro
Só temos fé no futuro,
Como alvorada do bem,
Como Laocoonte esmagado
Morreremos coroado
Erguendo os olhos além.

Irmão da terra da América,
Filhos do solo da cruz,
Erguei as frontes altivas,
Bebei torrentes de luz…

Ai! Soberba populaça,
Dos nossos velhos Catões,
Lançai um protesto, ó povo,
Protesto que o mundo novo
Manda aos tronos e às nações.

Recife, 1864″

quinta-feira, 13 de junho de 2013

REVISTAS CIENTÍFICAS (PERIÓDICOS) DA ÁREA DE LINGUÍSTICA E LETRAS (com nota qualis)

A publicação de trabalhos acadêmicos tornou-se um requisito imprescindível para aqueles que seguem ou pelo menos passam pela vida acadêmica (Universidades, Institutos, Faculdades...). A CAPES e o CNPq, bem como as FAPEs de todos os Estados têm como política a contagem de pontos para financiamento de pesquisa e apoio a projetos. O pesquisador que mais apresentar artigos publicados em revistas científicas (periódicos) é o que sai na frente. Igualmente, entre os professores universitários, a publicação é algo imprescindível, porque por meio dela, as instituições são avaliadas. Nos programas de pós-graduação, do mesmo modo, os alunos necessitam ter publicações, caso queiram que suas pesquisas sejam financiadas pelos órgãos públicos. A produção acadêmica é algo vital para o pesquisador iniciante que tem o desejo de ingressar na carreira do magistério superior. 

Contudo, em algumas instituições, a avaliação passa pela qualidade da avaliação do periódico na CAPES, no Webqualis (WEBQUALIS) que dá nota aos periódicos pela qualidades de suas publicações e seu conselho editorial. A avaliação é feita por meio de letras, que vão desde A até C. A CAPES dá letra A para os periódicos de alta qualidade. A nota A pode se subdividir entre A1 (a nota mais alta), A2. As outras notas, de acordo com a qualidade, são classificadas em ordem decrescente B1, B2, B3, B4, B5 e C, que é a mais baixa e indica má qualidade. Lemos no site da Instituição: 

A classificação de periódicos é realizada pelas áreas de avaliação e passa por processo anual de atualização. Esses veículos são enquadrados em estratos indicativos da qualidade - A1, o mais elevado; A2; B1; B2; B3; B4; B5; C - com peso zero.(CAPES, SITE WEBQUALIS).

O Observando tais preceitos e a importância da publicação no mundo acadêmico, este posto traz o link de algumas das mais importantes revistas e sua nota na CAPES. Nesses sites, você poderá aproveitar e ver as chamadas para publicações, bem como ver os trabalhos produzidos por pesquisadores brasileiros e estrangeiros que são publicados nos periódicos brasileiros. Clique sobre o nome da revista e acesse aos sites das revistas. Procuramos selecionar as revistas mais bem conceituadas e as que recebem trabalhos mais gerais, deixando de fora algumas que tenham uma linha mais específicas. Aproveite e navegue no mundo da ciência publicada. 

QUALIS A1








REVISTA ALERE (QUALIS B4)

REVISTA E-ESCRITA (QUALIS B4)

PESQUISA EM DISCURSO PEDAGÓGICO (QUALIS B4)

REVISTA REVLET (QUALIS B4)

REVISTA SCIENTIA TRADUCTION (QUALIS B4)

TRADUÇÃO EM REVISTA (QUALIS B4)

QUALIS B5


REVISTA VIA LITTERAE (QUALIS B5)

LITTERA (QUALIS B5)



Essas são só as principais revistas da área de Linguística e Letras, com seus respectivos Qualis. Não foram colocados aqui as revistas que não estão indexidas e nem as revistas que tiveram nota C, no Qualis. Tive a ajuda preciosa do blog LETRAS PARTILHADAS.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Roberto Juarrez - Um fundo de um ser revelado



Sou fã incondicional da poesia feita a partir das sensações. Ferreira Gullar tem em mim um grandiosíssimo admirador pela poderosa combinação entre a simplicidade e a profundidade de seus poemas. O cotidiano, o instante, a aproximação consigo mesmo em um ponto quase inatingível para um ser-humano mortal é o grande trunfo de Gullar. Contudo, Ferreira Gullar não é o único poeta com tais habilidades.


A Argentina é um caldeirão de grandes nomes das artes no geral. O cinema, a pintura e a Literatura são artes que têm grandes representantes no pais portenho. Dentre esses grandes artistas, chamo a atenção para um grande nome da poesia argentina, Roberto Juarrez . Grande preletor, intelectual e artista, Roberto Juarrez deslumbra-nos com uma poesia complexa, do ponto de vista das imagens, mas extremante profunda, do ponto de vista do significado. O poeta é um conhecedor singular da alma humana. Dona de uma erudição rara e de um poder magnifico de mexer com o significado entre posto entre palavras e meios, Roberto Juarrez é merecedor infinitamente de nossa atenção por parece querer nos contar algo de sublime, algo que parece oculto, mas que é óbvio, algo que nos falta encontrar em nós mesmo. Juarroz nos convida a embarcar dentro de nós mesmo para resolver nossos próprios problemas. 
Quanto a seus temas, o homem em sua essência é sua maior inspiração, o que o faz um poeta que se aproxime de Hilker, Gullar, Bandeira entre muitos outros que se arriscam entender o que é "ser" e o que é "estar", o que é "viver". A seguir, um poema de Juarrez, que me lembra muito um poema de Rilker chamado "Hora Grave", colocado junto para confirmar o diálogo que há entre os dois poemas, formando uma espécie de microcosmo da alma humana. 


- Hora Grave

Quem agora chora em algum lugar do mundo,
Sem razão chora no mundo,
Chora por mim.


Quem agora ri em algum lugar na noite,
Sem razão ri dentro da noite,
Ri-se de mim.

Quem agora caminha em algum lugar no mundo,
Sem razão caminha no mundo,
Vem a mim.

Quem agora morre em algum lugar no mundo,
Sem razão morre no mundo,
Olha para mim.

(Tradução: Paulo Plínio Abreu)

Mientras haces cualquier cosa,
alguien está muriendo.
Mientras te lustras los zapatos,
mientras odias,
mientras le escribes una carta prolija
a tu amor único o no único.
Y aunque pudieras llegar a no hacer nada,
alguien estaría muriendo,
tratando en vano de juntar todos los rincones,
tratando en vano de no mirar fijo a la pared.
Y aunque te estuvieras muriendo,
alguien más estaría muriendo,
a pesar de tu legítimo deseo
de morir un minuto con exclusividad.
Por eso, si te preguntan por el mundo,
responde simplemente: alguien está muriendo.



Dois poemas estrondosos e que mexem com o mais profundo de nossa existência, um ponto desejável por todos os artista, o que denota a majestade desses dois poetas, em particular a de Roberto Juarrez. A seguir, no link abaixo, o livro Poesia Vertical, do Roberto Juarrez. Espero que você possa se deleitar na leitura de Juarrez, um embarcador que nos leva para locais impróprios e raros de nossa existência.





Livro POESIA VERTICAL ROBERTO JUARREZ