sexta-feira, 15 de julho de 2011

CUNHA SANTOS - Um grande poeta maranhense

O Maranhão é um dos raros lugares do Brasil em que poetas nascem em todos os lugares. Poucos estados brasileiros tem o orgulho de ostentar uma gama infindável de literários com tanta força de expressão e sucesso quanto o Maranhão. O mais curioso nisso tudo não é a fertilidade literário que o Maranhão tem, mas sim, que esses grandes nomes são quase que totalmente desconhecidos do grande público maranhense. Não se pode negar que para ser poeta no Maranhão é uma coisa fácil, difícil mesmo é estar no Maranhão e ser reconhecido pela grandeza de sua habilidade poética.

O esquecimento, ou desconhecimento de um poeta é uma das coisas mais agressivas que podemos fazer contra nossas próprias raízes. Nós, que temos fama de sermos a Atenas Brasileira" pouquíssimos poetas novos tem um lugar nas discussões literárias que se fazem em terras maranhenses. Devemos entender porque que nos encontros de estudantes de letras das universidades públicas ou faculdades particulares não se tem um apanhado dessa literatura tão rica, tão cheia de personalidades, que traz o melhor que temos, ou mais ainda, porque nos encontros nacionais e internacionais que temos no Estado, não se traz a lume nossos poetas e escritores? Não podemos pensar na literatura maranhense visando apenas Josué Montello, Bandeira Tribuzzi ou Ferreira Gullar, ou muito menos Arthur Azevedo, Graça Aranha ou Aluisio de Azevedo, não!! A literatura maranhense, como a de outros lugares é fértil, tem muito pra dar ainda.

Grandes nomes de nossa literatura escasseiam nas discussões sobre a literatura maranhense. Discutamos mais José Neres, dona de uma obra estimável e cheia de imagens do Maranhão, Nauro Machado, que tem uma obra densa e cheia de uma linguagem nova com ares de força poética e estética, entre outros,escritores que tem muito o que falar a nós, estudantes de literatura, história, lingua portuguesa, ciências socias e etc.

Dentre muitos poetas e escritores maranhenses, devemos dar espaço, também, ou mesmo, convidar a falar sobre sua relação com a literatura, o jornalista e poeta Cunha Santos que é figura marcante nas grandes manifestações políticas e literárias de nosso Estado.

Dono de uma vasta obra literária, Cunha Santos é um dos grandes nomes de nossa literatura no Estado. Escreveu poemas, contos, crônicas cheios de existencialismo e denuncias sociais. Seus textos, sobretudo a poesia e a crônica são gritos de denuncia da opressão dos poderosos sobre os menos favorecidos. Cunha quer despertar a consciência política e social das pessoas que sofrem com o sistema capitalista, que enriquece os bolsos de poucos, mas apodrecem de miséria a grande parte da população mundial. Seu grito é um clamor que exala do inconsciente que não se contém ao observar a miséria, o esquecimento e a imobilidade dos cidadãos - que é quem tem a força para mudar essa quadro. Vale, aqui, lembrar do escrito de Karl Marx quando diz que a mais perfeita forma que o capitalista achou para dominar as massas é justamente tirando-lhe a esperança pela mudança, de deixar as massas paralisadas diante de sua obra de dominação.

Cunha Santos tem muitos livros lançados. Lançaremos lume a três que são os de maior sucesso, além de pontuarmos apenas um: De sua vasta obra, é interessante a leitura de "A Madrugada dos Alcoolatras", Paquito, o Anjo Doido e Odisséia dos Pivetes". Este último, é uma interessante denuncia social com relação ao abandono de crianças no Brasil, sobretudo, no Maranhão. O livro fora lançado graças a um concurso que a Fundação Cultura do Estado lançou e que Cunha Santos foi o vencedor.

No livro, há uma intensa intertextualidade com as mitologias da cultura grega, sobretudo, com as que dizem respeito à criação do homem: Cronos, o titã que devorava seus filhos, é a representação real da sociedade. Assim como o titã, pai do deus dos deuses, a sociedade devora seus filhos, não se responsabilizando por eles, deixando-os à margem da sociedade, onde eles encontram todos os tipos de drogas e violação de suas purezas. Portanto, no livro, há a convocação da sociedade para agir contra si mesmo, uma evocação a Rea, quem salvou Zeus de ser devorado pelo pai. Para o poeta, a miséria que engole as crianças de rua da capital maranhense é um das principais vilãs dessas crianças. Na mesma perspectiva, no livro, o poeta deixa claro que as crianças são o futuro da humanidade, portanto, se quissermos termos um futuro melhor, é importante que cuidemos mais, que tenhamos mais responsabilidades com as crianças de nosso estado.

Fico devendo, nesta minha breve leitura alguma poesia de Odisséia dos Pivetes, que é uma grande obra, mas que é escassamente destribuido no meio maranhense, e talvez, nacionalmente também. Isso se deva talvez pelo forte teor ideológico e crítico da obra. Porém, disponibilizaremos outra poesia de grande talento feito pelo nosso poeta codoense.

Na poesia que segue, é interessante observarmos a luta que o eu-lírico tem com a existência. Para ele, existir e ver tanta miséria e sofrimento não é viver, é simplesmente existir. Chamo a atenção para a dramaticidade e a profundidade do existir desses versos:

Delirium tremens

Eu ouço passos no absurdo

pancadas secas no desconhecido

marés se movem nos meus olhos

mãos de areias na minha faringe

tentam arrancar veias que eu amo

A noite se move estranha

Neva nesta "Casa". É a morte

rondando dentro dos copos

mexendo nas canelas de aço

que se acumulam nos meus pés

Eu sinto fome: como meus dedos

sacode-me um desejo santo

de enforcar uma criança

para evitá-Ia deste mundo

Não conheço estas ruas

nem sei mais de onde vieram

as estacas com que me batem

eu preciso desenhar a poesia

eu preciso desenhar meu grito

pois hoje, nem as palavras da lua

far-me-ão descansar a caneta

do martírio de dizer besteiras

hoje eu sou uma choça de remorsos

diferente: sim, porque não matei

nem sequer premeditei a morte

mas sou o local do crime!

(Meu Calendário em Pedaços/1978)

Para mais conhecimento da obra de cunha Santos, bem como de seus últimos escritos, é interessante observarmos o seu blog, que está disponível. click aqui

O Maranhão não pode ser uma mãe desleixada, ou mesmo um Cronos com o seus poetas, visto que eles tem grande talento e reflexões interessantes a serem vistas.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

CANA-DE-AÇÚCAR - GLOSSÁRIO

Este é um link produzido a partir do programa de produção de glossários e dicionários chamado de Lexique Pro. Para acessar ao glossário da cana-de-açúcar, que está em processo de produção no ambito do projeto Atlas Linguístico do Maranhão (ALiMA), copie o link e coloque na barra de endereço.


file:///C:/Documents%20and%20Settings/alima/Meus%20documentos/Lexique%20Pro/Web%20Pages/L%C3%A9xico%20CANA-DE-A%C3%87%C3%9ACAR/lexicon/02.htm


 Segue, o glossário com suas entradas:



 Acero s.m. Limpeza feita no canavial. É feita uma queima com o mato e as ervas daninha, para que a planta possa crescer melhor.
 Alambicar v. Processo pelo qual passa o caldo de cana-de-açúcar para que se transforme em cachaça ou melaço.
 Alambique s.m. Vasilha, geralmente de barro, em que é colocado o caldo de cana-de-açúcar no forno para ferver para que aconteça a decantação, para a produção da cachaça.
Apurar mel sint. verb. Extração da parte líquida por meio do cozimento da garapa. Quanto menor o teor líquido do caldo da cana-de-açúcar, mais apurado estará o mel.
Açúcar queimado sint. nom. Açúcar usado para temperar a cachaça e dar-lhe coloração amarelada. Bagaceiro s.m. Peça de madeira que fica na parte inferior do engenho, por debaixo da moenda, que tem como função separar a garapa do bagaço no momento da prensa da cana-de-açúcar. 2. Pessoa que transporta os bagaços da cana-de-açúcar, provenientes da moagem, para fora da casa do engenho. Bagaço s.m. Restos da cana-de-açúcar que sobram após ela ser prensada no engenho.
Bandeira da cana sint. nom. fem. Parte superior da cana-de-açúcar. Inflorescência da cana-de-açúcar. Batida s.f. Espécie de rapadura com a coloração mais clara.
Batição s.m. Capina feita na roça de cana-de-açúcar antes do plantio.
Bica s.f. Peça de ferro colocada na parte inferior do engenho para transportar o caldo da cana até uma vasilha (gamela ou dorna).
Cabeça s.m. Primeira cachaça. Aguardente que é produzida no início da destilação e que possui um teor alcoólico muito alto.
Cachaça s.f. Bebida alcoólica obtida por meio da destilação do caldo da cana-de-açúcar.
Caldeira s.f. Recipiente em que a garapa é fervida para que haja separação entre o açúcar e a água. Cambito s.m. Pedaço de madeira em formato de "v" que, acoplado à cangalha do jumento, segura as canas-de-açúcar quando são transportadas do canavial à casa do engenho.
Cana s.f. Planta da espécie das herbáceas, da família das gramíneas, de folhas lineares. Com o tronco (colmo) espesso e cheio de suco açucarado. Do suco dessa planta são produzidos o açúcar, a cachaça e a rapadura.
Cana Cayana sint.nom. fem. Espécie de cana-de-açúcar que tem a coloração da casca branco-amarelada com um alto teor de sacarose.
Cana CO sint. nom.fem. Espécie de cana-de-açúcar que tem a coloração da casca roxa.
Cana Degenerada sint. nom. fem. Cana estragada por fatores ambientais, tais como grande quantidade de chuva, seca ou sombra.
Cana São Paulo sint. nom. fem. Espécie de cana-de-açúcar com a coloração rosada.
Cana-Ferro sint. nom. fem. Cana-de-açúcar que tem a casca rosada.
Canavial s.m. Local, geralmente extenso, em que são plantados os pés de cana-de-açúcar, em forma linear ou aleatória.
Cangalha s.f. Artefato de madeira colocado na parte lombar do jumento para o transporte da cana-de-açúcar do canavial à casa de engenho.Possui quatro cambitos para o ajuste dos feixes do pé de cana-de-açúcar na cangalha.
Carapuça s.f. Tampa do alambique. Na carapuça, estão conectados os canos que levam até a serpentina. Carreiro s.m. Pessoa que trabalha no canavial com o carro-de-boi, com o transporte da cana-de-açúcar do canavial à casa do engenho.
Carro-de-boi sin. nom. masc.
Carroça de madeira em é transportada a cana-de-açúcar até o engenho. Esse tipo de carroça é puxado por um boi.
Casa do engenho sin. nom. fem. Local onde a cana-de-açúcar é beneficiada para a produção da cachaça, açúcar, mel e rapadura. É, geralmente, aparamentada com um engenho, um alambique, serpentina e um forno.
Coador s.m. Utensílio formado por uma lata ou um pedaço de rede de pesca, que serve para separar, na hora da prensagem da cana-de-açúcar, o bagaço do caldo.
Cobertura morta sint. nom. fem. Cobertura feita na roça com a palha da cana, importante para impedir o crescimento de ervas daninha e para a limpeza do canavial.
Corte da cana sint. nom. fem. Colheita da cana-de-açúcar.
Cova s.f. Buraco feito no chão onde são colocadas as sementes da cana-de açúcar para o surgimento de uma nova planta.
Destocar v .Limpeza da roça de cana-de-açúcar com a retirada dos restos de outras plantações. Dispalhação s. f. Processo de retirada da palha do canavial.
Dorna s.f. Recipiente de plástico ou de madeira, que serve para armazenar a garapa no momento da fermentação.
Engenho s.f. Máquina de ferro, constituída por duas correias de borracha e uma roda que faz girar dois eixos centrais, onde é colocada a cana-de-açúcar para ser espremida, para extrair o caldo da cana-de-açúcar.
Engenhoca s.f. Engenho de pequeno porte que substitui o engenho mecanizado, em locais onde não há energia elétrica.
Enxadeco s.m. Enxada com o cabo e lâmina de pequeno porte, utilizada na colheita da cana-de-açúcar. Escumadeira s.m. Utensílio, em forma de concha, provido de pequenos furos, que serve para tirar a espuma da garapa, durante o processo de fabrico do mel. Serve também para mexer a garapa na fabricação da rapadura.
Facão s.m. Utensílio semelhante à faca, só que de dimensões maiores.
Farinha Lavrada sint. nom. fem. Espécie de farinha não comestível utilizada na fermentação do caldo da cana-de-açúcar.
Farinha Vinhada sint. nom. fem. Farinha que foi utilizada na purificação do caldo da cana-de-açúcar. Foguista s.m. Pessoa, geralmente homem, que trabalha na caldeira do engenho, encarregado de controlar o fogo para que o caldo produza mel, açúcar ou cachaça.
Forma de Rapadura sint. nom. fem.Vasilha retangular com pequenas divisões em que é colocado o puxado quando do fabrico da rapadura.
Forno s.m. Construção circular feita de barro ou de tijolo, com uma abertura na parte superior, sobre a qual se assenta uma cobertura de metal, também circular, em forma de tacho, utilizado para a fervura do caldo da cana-de-açúcar.
Gamela s.f. Utensílio, geralmente de madeira e em forma circular, que serve para o armazenamento de pouca quantidade de caldo de cana-de-açúcar.
Garapa s.f. Líquido extraído da cana-de-açúcar. Matéria prima para a produção do açúcar, da rapadura e a cachaça.
Garapa Crua sint. non. fem. Caldo da cana-de-açúcar antes de passar pelo processo de fervura, no forno. Garapa Morta sint. nom. fem. Garapa após o momento de fermentação.
Garapa Viva sint. nom. fem. Garapa que está em processo de fermentação e que, devido à ebulição, produz borbulhas.
Javanesa s.f. Espécie de cana-de-açúcar com a coloração roxa.
Lambicada s.m. Medida de vinte litros de cachaça produzidos no engenho. Medida de volume usada nos engenhos maranhenses que corresponde a vinte litros.
Lambiqueiro s.m. Pessoa que trabalha com a produção de cachaça.
Linha s. f. Plantação de cana-de-açúcar em que os pés de cana-de-açúcar estão organizados um atrás do outro, em formato de fila.
Mel da Cana sint. nom. fem. O caldo da cana após ser cozido por um longo tempo no forno. Tem consistência viscosa e serve para a alimentação humana, bem como para fins farmacêuticos.
Melaços. m. Mel da cana-de-açúcar que não serve para a extração do açúcar. Sobras do mel que servem para a alimentação de animais.
Moagem s.m. Processo pelo qual a cana-de-açúcar é inserida no engenho, onde é espremida para extração do caldo da cana.
Moenda s.f. Parte principal do engenho onde a cana-de-açúcar é moída para a extração da garapa.
Moita de Cana sint. nom. fem. Grande quantidade de pés de cana-de-açúcar juntos.
Olho s.m. 1. Parte superior da planta da cana-de-açúcar. É utilizada na plantação, para a obtenção de um novo pé. 2. Pequeno condimento circular que nasce nas dobraduras da cana-de-açúcar.
Palha da Cana sint. nom. fem. A folha seca da planta da cana-de-açúcar.
Palheta sub. fem. Pequeno pedaço de madeira, em forma de colher, que auxilia na hora de colocar o caldo da cana-de-açúcar nas formas de rapaduras, para a produção da rapadura.
Patacho s.m. Faca com a lâmina curta e larga. Útil para a colheita de cana-de-açúcar e para a limpeza do canavial.
Pé de Galinha sint. nom. fem. Plantação de cana-de-açúcar organizada de forma aleatória.
Puxado s.m. Caldo de cana-de-açúcar consistente. Serve para fazer a rapadura ou o melado.
Rapadura s.m. Garapa após um médio tempo de cozimento. Tem consistência firme e serve para o consumo humano.
Rato de Cana sint. nom. masc. Roedor que se alimenta das raízes e da própria cana-de-açúcar nos canaviais. É considerado uma praga no canavial. Rodeira s.f. Rodas que impulsionam o eixo central do engenho.
Rolete de Cana sint. nom. fem. Pedaço do tronco da cana-de-açúcar cortado para o deguste ou petisco no canavial.
Sementeira s.f. Cano de ferro, com formato de uma mola, que é ligado ao alambique. A cachaça, que é transportada para um galão em forma de fumaça, passa pela serpentina que é emersa em água, esfriando a fumaça, transformando-a em líquido, processo de destilação.
Soca s.f. Segunda florescência da planta da cana-de-açúcar. Quando a planta da cana-de-açúcar nasce pela segunda vez.
Sucador s.m. Máquina utilizada para a produção devalas na roça de cana-de-açúcar.
Sucar v. Ação de abrir as covas para a plantação de cana-de-açúcar.
Surrapa s. m. Cachaça muito fraca, que é tirada por últimoe que, por seu baixo teor alcoólico, é usada para misturar com cachaças mais fortes.
Tacho s.m. Recipiente de ferro, cobre, alumínio ou madeira, que fica na parte inferior do engenho para o armazenamento da garapa.
Tanque s.m. Recipiente de pedra, ferro ou alvenaria. É cheio com água, em que é mergulhada a serpentina para que haja o processo de condensação na produção da cachaça.
Terra Zaroia sint. nom. fem. Terra própria para o plantio da cana-de-açúcar. É um estado em que a terra não está nem muito seca, nem muito molhada.
Tiborna s. f. Restos da garapa que sobram no tacho no momento da preparação do mel ou da rapadura. Tijolo s.m. Tipo de rapadura em que se acrescentam ingredientes como carne seca, casca de laranja ou coco.
Toco de Cana sint. nom. masc. Em Buriti, refere-se a um pedaço da cana que sobra para brotar um outro pé de cana-de-açúcar.
Tronco da Cana sint. nom. masc. Parte da cana utilizada na produção dos produtos derivados da cana-de-açúcar. É a cana-de-açúcar sem o olho da cana.
Vala s.f. Buraco em formato retangular aberto para a produção de uma linha de pés de cana-de-açúcar.
Palmeiras no R7 Esportes