sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Paulinho Moska - Muito Pouco

Paulinho moska é um dos maiores gênios da música que podemos encontrar na atualidade. Dono de uma voz própria e de um ritmo singular, Moska é um dos poucos talentos em ebulição que sobraram de épocas remostas de nossa recente música. Desde vontade, primeiro disco da carreira, Moska é um furacão em ebulição, um artista surpreendente e cheio de novidades em cada novo disco. Além de seu folego artístico, que parece nunca se acabar, Paulinho Moska é dono de verdadeiras obras poéticas da atualidade. Letras complexas, que falam da vida, do viver a dois, da consciência humana, o respeito pelo outro, a simplicidade da vida cantada em versos extremamente complexos regados a sons modernos e esperimentais. Moska é dono de um estilo que une um pouco mpb, rock´n roll e pop extremado, sem dúvidas, Moska é um calendoscópio giratório que nunca sessa de demonstrar o cotidiano da alma humana.

Uma das verdadeiras guinadas em sua vida artística, o lançamento de novo de novo, em 2004, coroa Moska como um artista independente e cheio de arte. Moska, agora como selo independente reinaugura-se no disco e vê-se um MOska que quer a chance que a vida oferece diariamente. Em belíssimos versos, Moska nos convida a errar e a errar de novo, errar até um dia não acertar "Tudo novo de novo, vamos nos jogar de onde já caímos/ tudo novo de novo, vamos nos jogar do alto de onde subímos". No disco de Moska, o ser lírico nos convida a entrar em um universo cheio de alegria, cheio de vida e experimentos infindáveis. Um mundo de sensações que nos levam ao mais íntimo da alma humana.

Um dos seus últimos lançamentos, o disco duplo muito pouco é um empreendimento de um Paulinho Moska mais vivo, cehio de luz, cheio de boas atitudes, mas ao mesmo tempo extremamente apaixonado. Com letras cheias de vida e força, a música de Moska em seu último disco é um convite a alegria viceral, a paixão errada, mas gostosa; um convite à estrada do corpo da amada, um perigoso e delicioso prazer de ouvir a música e deliciar-se sem fim. Abaixo, um vídeo com o seu mais novo sucesso muito pouco:


Mas muito pra mim é tão pouco
E pouco é um pouco demais
Viver tá me deixando louco
Não sei mais do que sou capaz
Gritando pra não ficar rouco
Em guerra lutando por paz
Muito pra mim é tão pouco
E pouco eu não quero mais





quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Amy winehouse - Will you still love me tomorrow



O senso de juiz é uma das características mais marcantes de nossa natureza, pequena, mas ao mesmo tempo tacanha. E essa é uma das características que mais se manifestam em nós, durante nossa vida terraquea. Não são poucos os casos em que as pessoas simplesmente são massacradas por causa de seus comportamentos, sem que ao menos nós saibamos quais foram as causas dele. Por isso é que sou veementemente contra a pena de morte, não por motivos religiosos simplesmente, mas também porcausa da incapacidade do homem de aplicar pena tão importante à vida de um ser humano, seu semelhante, tão frágil e tão incopetente quanto qualquer ser humano normal.

Desse ponto de vista, é importante lembrarmos das inúmeras injustiças atreladas à cantora inglesa Amy Winehouse. Amy, momentos após sua morte, foi julgada sumariamente como uma drogada inveterada, mau exemplo de comportamento péssimo. Tal juizo foi atribuído a Amy pelo o habitual uso excessivo de drogas, praticado pela cantora. O que nos espanta é o fato de que a sociedade querer fazer de Amy um exemplo de vida desregrada e que não pode ser seguida, pois os fins são sempre os mesmos, a morte prematura. Amy seria mais uma daquelas estrelas que morrem por uso de drogas, como Jimi Hendriz, Jim Morrison, Jane Joplin, Cássia Eller, entre outros artistas. Contudo, é importante observarmos como Amy fora injustiçada por seus "juízes".

Amy, segundo laudos médicos, estava bastante tempo sem ingerir alcool e drogas, dando um tapa na cara da sociedade que mais uma vez julgara pessimamente os seus.

Doutra forma, é interessante lembrarmos de Amy como uma cantora fantástica, de um talento raro, e de uma voz inebriante. Suas letras, que resvalavam do fundo de sua alma sempre sofrega, encantou, e encanta, a muitos que sofrem de amor e que amam como nunca. Deixo-vos will you stil love me tomorrow, uma canção em que não é necessário saber o que ela diz, só o talento e a voz da cantora inglesa nos diz tudo, nos ajuda a jugar Amy Winehouse como uma das cantoras mais fortes dos últimos tempo, uma cantora, ao rigor mais próximo, tanto nos palcos, quanto na vida pessoal, que fazia justiça as comparações com as cantora, não menos talentosas, americanas negras, como Billy Holyday, Areta Franklin, entre outras.


Essa é pra ouvir até não suportar....



sexta-feira, 15 de julho de 2011

CUNHA SANTOS - Um grande poeta maranhense

O Maranhão é um dos raros lugares do Brasil em que poetas nascem em todos os lugares. Poucos estados brasileiros tem o orgulho de ostentar uma gama infindável de literários com tanta força de expressão e sucesso quanto o Maranhão. O mais curioso nisso tudo não é a fertilidade literário que o Maranhão tem, mas sim, que esses grandes nomes são quase que totalmente desconhecidos do grande público maranhense. Não se pode negar que para ser poeta no Maranhão é uma coisa fácil, difícil mesmo é estar no Maranhão e ser reconhecido pela grandeza de sua habilidade poética.

O esquecimento, ou desconhecimento de um poeta é uma das coisas mais agressivas que podemos fazer contra nossas próprias raízes. Nós, que temos fama de sermos a Atenas Brasileira" pouquíssimos poetas novos tem um lugar nas discussões literárias que se fazem em terras maranhenses. Devemos entender porque que nos encontros de estudantes de letras das universidades públicas ou faculdades particulares não se tem um apanhado dessa literatura tão rica, tão cheia de personalidades, que traz o melhor que temos, ou mais ainda, porque nos encontros nacionais e internacionais que temos no Estado, não se traz a lume nossos poetas e escritores? Não podemos pensar na literatura maranhense visando apenas Josué Montello, Bandeira Tribuzzi ou Ferreira Gullar, ou muito menos Arthur Azevedo, Graça Aranha ou Aluisio de Azevedo, não!! A literatura maranhense, como a de outros lugares é fértil, tem muito pra dar ainda.

Grandes nomes de nossa literatura escasseiam nas discussões sobre a literatura maranhense. Discutamos mais José Neres, dona de uma obra estimável e cheia de imagens do Maranhão, Nauro Machado, que tem uma obra densa e cheia de uma linguagem nova com ares de força poética e estética, entre outros,escritores que tem muito o que falar a nós, estudantes de literatura, história, lingua portuguesa, ciências socias e etc.

Dentre muitos poetas e escritores maranhenses, devemos dar espaço, também, ou mesmo, convidar a falar sobre sua relação com a literatura, o jornalista e poeta Cunha Santos que é figura marcante nas grandes manifestações políticas e literárias de nosso Estado.

Dono de uma vasta obra literária, Cunha Santos é um dos grandes nomes de nossa literatura no Estado. Escreveu poemas, contos, crônicas cheios de existencialismo e denuncias sociais. Seus textos, sobretudo a poesia e a crônica são gritos de denuncia da opressão dos poderosos sobre os menos favorecidos. Cunha quer despertar a consciência política e social das pessoas que sofrem com o sistema capitalista, que enriquece os bolsos de poucos, mas apodrecem de miséria a grande parte da população mundial. Seu grito é um clamor que exala do inconsciente que não se contém ao observar a miséria, o esquecimento e a imobilidade dos cidadãos - que é quem tem a força para mudar essa quadro. Vale, aqui, lembrar do escrito de Karl Marx quando diz que a mais perfeita forma que o capitalista achou para dominar as massas é justamente tirando-lhe a esperança pela mudança, de deixar as massas paralisadas diante de sua obra de dominação.

Cunha Santos tem muitos livros lançados. Lançaremos lume a três que são os de maior sucesso, além de pontuarmos apenas um: De sua vasta obra, é interessante a leitura de "A Madrugada dos Alcoolatras", Paquito, o Anjo Doido e Odisséia dos Pivetes". Este último, é uma interessante denuncia social com relação ao abandono de crianças no Brasil, sobretudo, no Maranhão. O livro fora lançado graças a um concurso que a Fundação Cultura do Estado lançou e que Cunha Santos foi o vencedor.

No livro, há uma intensa intertextualidade com as mitologias da cultura grega, sobretudo, com as que dizem respeito à criação do homem: Cronos, o titã que devorava seus filhos, é a representação real da sociedade. Assim como o titã, pai do deus dos deuses, a sociedade devora seus filhos, não se responsabilizando por eles, deixando-os à margem da sociedade, onde eles encontram todos os tipos de drogas e violação de suas purezas. Portanto, no livro, há a convocação da sociedade para agir contra si mesmo, uma evocação a Rea, quem salvou Zeus de ser devorado pelo pai. Para o poeta, a miséria que engole as crianças de rua da capital maranhense é um das principais vilãs dessas crianças. Na mesma perspectiva, no livro, o poeta deixa claro que as crianças são o futuro da humanidade, portanto, se quissermos termos um futuro melhor, é importante que cuidemos mais, que tenhamos mais responsabilidades com as crianças de nosso estado.

Fico devendo, nesta minha breve leitura alguma poesia de Odisséia dos Pivetes, que é uma grande obra, mas que é escassamente destribuido no meio maranhense, e talvez, nacionalmente também. Isso se deva talvez pelo forte teor ideológico e crítico da obra. Porém, disponibilizaremos outra poesia de grande talento feito pelo nosso poeta codoense.

Na poesia que segue, é interessante observarmos a luta que o eu-lírico tem com a existência. Para ele, existir e ver tanta miséria e sofrimento não é viver, é simplesmente existir. Chamo a atenção para a dramaticidade e a profundidade do existir desses versos:

Delirium tremens

Eu ouço passos no absurdo

pancadas secas no desconhecido

marés se movem nos meus olhos

mãos de areias na minha faringe

tentam arrancar veias que eu amo

A noite se move estranha

Neva nesta "Casa". É a morte

rondando dentro dos copos

mexendo nas canelas de aço

que se acumulam nos meus pés

Eu sinto fome: como meus dedos

sacode-me um desejo santo

de enforcar uma criança

para evitá-Ia deste mundo

Não conheço estas ruas

nem sei mais de onde vieram

as estacas com que me batem

eu preciso desenhar a poesia

eu preciso desenhar meu grito

pois hoje, nem as palavras da lua

far-me-ão descansar a caneta

do martírio de dizer besteiras

hoje eu sou uma choça de remorsos

diferente: sim, porque não matei

nem sequer premeditei a morte

mas sou o local do crime!

(Meu Calendário em Pedaços/1978)

Para mais conhecimento da obra de cunha Santos, bem como de seus últimos escritos, é interessante observarmos o seu blog, que está disponível. click aqui

O Maranhão não pode ser uma mãe desleixada, ou mesmo um Cronos com o seus poetas, visto que eles tem grande talento e reflexões interessantes a serem vistas.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

CANA-DE-AÇÚCAR - GLOSSÁRIO

Este é um link produzido a partir do programa de produção de glossários e dicionários chamado de Lexique Pro. Para acessar ao glossário da cana-de-açúcar, que está em processo de produção no ambito do projeto Atlas Linguístico do Maranhão (ALiMA), copie o link e coloque na barra de endereço.


file:///C:/Documents%20and%20Settings/alima/Meus%20documentos/Lexique%20Pro/Web%20Pages/L%C3%A9xico%20CANA-DE-A%C3%87%C3%9ACAR/lexicon/02.htm


 Segue, o glossário com suas entradas:



 Acero s.m. Limpeza feita no canavial. É feita uma queima com o mato e as ervas daninha, para que a planta possa crescer melhor.
 Alambicar v. Processo pelo qual passa o caldo de cana-de-açúcar para que se transforme em cachaça ou melaço.
 Alambique s.m. Vasilha, geralmente de barro, em que é colocado o caldo de cana-de-açúcar no forno para ferver para que aconteça a decantação, para a produção da cachaça.
Apurar mel sint. verb. Extração da parte líquida por meio do cozimento da garapa. Quanto menor o teor líquido do caldo da cana-de-açúcar, mais apurado estará o mel.
Açúcar queimado sint. nom. Açúcar usado para temperar a cachaça e dar-lhe coloração amarelada. Bagaceiro s.m. Peça de madeira que fica na parte inferior do engenho, por debaixo da moenda, que tem como função separar a garapa do bagaço no momento da prensa da cana-de-açúcar. 2. Pessoa que transporta os bagaços da cana-de-açúcar, provenientes da moagem, para fora da casa do engenho. Bagaço s.m. Restos da cana-de-açúcar que sobram após ela ser prensada no engenho.
Bandeira da cana sint. nom. fem. Parte superior da cana-de-açúcar. Inflorescência da cana-de-açúcar. Batida s.f. Espécie de rapadura com a coloração mais clara.
Batição s.m. Capina feita na roça de cana-de-açúcar antes do plantio.
Bica s.f. Peça de ferro colocada na parte inferior do engenho para transportar o caldo da cana até uma vasilha (gamela ou dorna).
Cabeça s.m. Primeira cachaça. Aguardente que é produzida no início da destilação e que possui um teor alcoólico muito alto.
Cachaça s.f. Bebida alcoólica obtida por meio da destilação do caldo da cana-de-açúcar.
Caldeira s.f. Recipiente em que a garapa é fervida para que haja separação entre o açúcar e a água. Cambito s.m. Pedaço de madeira em formato de "v" que, acoplado à cangalha do jumento, segura as canas-de-açúcar quando são transportadas do canavial à casa do engenho.
Cana s.f. Planta da espécie das herbáceas, da família das gramíneas, de folhas lineares. Com o tronco (colmo) espesso e cheio de suco açucarado. Do suco dessa planta são produzidos o açúcar, a cachaça e a rapadura.
Cana Cayana sint.nom. fem. Espécie de cana-de-açúcar que tem a coloração da casca branco-amarelada com um alto teor de sacarose.
Cana CO sint. nom.fem. Espécie de cana-de-açúcar que tem a coloração da casca roxa.
Cana Degenerada sint. nom. fem. Cana estragada por fatores ambientais, tais como grande quantidade de chuva, seca ou sombra.
Cana São Paulo sint. nom. fem. Espécie de cana-de-açúcar com a coloração rosada.
Cana-Ferro sint. nom. fem. Cana-de-açúcar que tem a casca rosada.
Canavial s.m. Local, geralmente extenso, em que são plantados os pés de cana-de-açúcar, em forma linear ou aleatória.
Cangalha s.f. Artefato de madeira colocado na parte lombar do jumento para o transporte da cana-de-açúcar do canavial à casa de engenho.Possui quatro cambitos para o ajuste dos feixes do pé de cana-de-açúcar na cangalha.
Carapuça s.f. Tampa do alambique. Na carapuça, estão conectados os canos que levam até a serpentina. Carreiro s.m. Pessoa que trabalha no canavial com o carro-de-boi, com o transporte da cana-de-açúcar do canavial à casa do engenho.
Carro-de-boi sin. nom. masc.
Carroça de madeira em é transportada a cana-de-açúcar até o engenho. Esse tipo de carroça é puxado por um boi.
Casa do engenho sin. nom. fem. Local onde a cana-de-açúcar é beneficiada para a produção da cachaça, açúcar, mel e rapadura. É, geralmente, aparamentada com um engenho, um alambique, serpentina e um forno.
Coador s.m. Utensílio formado por uma lata ou um pedaço de rede de pesca, que serve para separar, na hora da prensagem da cana-de-açúcar, o bagaço do caldo.
Cobertura morta sint. nom. fem. Cobertura feita na roça com a palha da cana, importante para impedir o crescimento de ervas daninha e para a limpeza do canavial.
Corte da cana sint. nom. fem. Colheita da cana-de-açúcar.
Cova s.f. Buraco feito no chão onde são colocadas as sementes da cana-de açúcar para o surgimento de uma nova planta.
Destocar v .Limpeza da roça de cana-de-açúcar com a retirada dos restos de outras plantações. Dispalhação s. f. Processo de retirada da palha do canavial.
Dorna s.f. Recipiente de plástico ou de madeira, que serve para armazenar a garapa no momento da fermentação.
Engenho s.f. Máquina de ferro, constituída por duas correias de borracha e uma roda que faz girar dois eixos centrais, onde é colocada a cana-de-açúcar para ser espremida, para extrair o caldo da cana-de-açúcar.
Engenhoca s.f. Engenho de pequeno porte que substitui o engenho mecanizado, em locais onde não há energia elétrica.
Enxadeco s.m. Enxada com o cabo e lâmina de pequeno porte, utilizada na colheita da cana-de-açúcar. Escumadeira s.m. Utensílio, em forma de concha, provido de pequenos furos, que serve para tirar a espuma da garapa, durante o processo de fabrico do mel. Serve também para mexer a garapa na fabricação da rapadura.
Facão s.m. Utensílio semelhante à faca, só que de dimensões maiores.
Farinha Lavrada sint. nom. fem. Espécie de farinha não comestível utilizada na fermentação do caldo da cana-de-açúcar.
Farinha Vinhada sint. nom. fem. Farinha que foi utilizada na purificação do caldo da cana-de-açúcar. Foguista s.m. Pessoa, geralmente homem, que trabalha na caldeira do engenho, encarregado de controlar o fogo para que o caldo produza mel, açúcar ou cachaça.
Forma de Rapadura sint. nom. fem.Vasilha retangular com pequenas divisões em que é colocado o puxado quando do fabrico da rapadura.
Forno s.m. Construção circular feita de barro ou de tijolo, com uma abertura na parte superior, sobre a qual se assenta uma cobertura de metal, também circular, em forma de tacho, utilizado para a fervura do caldo da cana-de-açúcar.
Gamela s.f. Utensílio, geralmente de madeira e em forma circular, que serve para o armazenamento de pouca quantidade de caldo de cana-de-açúcar.
Garapa s.f. Líquido extraído da cana-de-açúcar. Matéria prima para a produção do açúcar, da rapadura e a cachaça.
Garapa Crua sint. non. fem. Caldo da cana-de-açúcar antes de passar pelo processo de fervura, no forno. Garapa Morta sint. nom. fem. Garapa após o momento de fermentação.
Garapa Viva sint. nom. fem. Garapa que está em processo de fermentação e que, devido à ebulição, produz borbulhas.
Javanesa s.f. Espécie de cana-de-açúcar com a coloração roxa.
Lambicada s.m. Medida de vinte litros de cachaça produzidos no engenho. Medida de volume usada nos engenhos maranhenses que corresponde a vinte litros.
Lambiqueiro s.m. Pessoa que trabalha com a produção de cachaça.
Linha s. f. Plantação de cana-de-açúcar em que os pés de cana-de-açúcar estão organizados um atrás do outro, em formato de fila.
Mel da Cana sint. nom. fem. O caldo da cana após ser cozido por um longo tempo no forno. Tem consistência viscosa e serve para a alimentação humana, bem como para fins farmacêuticos.
Melaços. m. Mel da cana-de-açúcar que não serve para a extração do açúcar. Sobras do mel que servem para a alimentação de animais.
Moagem s.m. Processo pelo qual a cana-de-açúcar é inserida no engenho, onde é espremida para extração do caldo da cana.
Moenda s.f. Parte principal do engenho onde a cana-de-açúcar é moída para a extração da garapa.
Moita de Cana sint. nom. fem. Grande quantidade de pés de cana-de-açúcar juntos.
Olho s.m. 1. Parte superior da planta da cana-de-açúcar. É utilizada na plantação, para a obtenção de um novo pé. 2. Pequeno condimento circular que nasce nas dobraduras da cana-de-açúcar.
Palha da Cana sint. nom. fem. A folha seca da planta da cana-de-açúcar.
Palheta sub. fem. Pequeno pedaço de madeira, em forma de colher, que auxilia na hora de colocar o caldo da cana-de-açúcar nas formas de rapaduras, para a produção da rapadura.
Patacho s.m. Faca com a lâmina curta e larga. Útil para a colheita de cana-de-açúcar e para a limpeza do canavial.
Pé de Galinha sint. nom. fem. Plantação de cana-de-açúcar organizada de forma aleatória.
Puxado s.m. Caldo de cana-de-açúcar consistente. Serve para fazer a rapadura ou o melado.
Rapadura s.m. Garapa após um médio tempo de cozimento. Tem consistência firme e serve para o consumo humano.
Rato de Cana sint. nom. masc. Roedor que se alimenta das raízes e da própria cana-de-açúcar nos canaviais. É considerado uma praga no canavial. Rodeira s.f. Rodas que impulsionam o eixo central do engenho.
Rolete de Cana sint. nom. fem. Pedaço do tronco da cana-de-açúcar cortado para o deguste ou petisco no canavial.
Sementeira s.f. Cano de ferro, com formato de uma mola, que é ligado ao alambique. A cachaça, que é transportada para um galão em forma de fumaça, passa pela serpentina que é emersa em água, esfriando a fumaça, transformando-a em líquido, processo de destilação.
Soca s.f. Segunda florescência da planta da cana-de-açúcar. Quando a planta da cana-de-açúcar nasce pela segunda vez.
Sucador s.m. Máquina utilizada para a produção devalas na roça de cana-de-açúcar.
Sucar v. Ação de abrir as covas para a plantação de cana-de-açúcar.
Surrapa s. m. Cachaça muito fraca, que é tirada por últimoe que, por seu baixo teor alcoólico, é usada para misturar com cachaças mais fortes.
Tacho s.m. Recipiente de ferro, cobre, alumínio ou madeira, que fica na parte inferior do engenho para o armazenamento da garapa.
Tanque s.m. Recipiente de pedra, ferro ou alvenaria. É cheio com água, em que é mergulhada a serpentina para que haja o processo de condensação na produção da cachaça.
Terra Zaroia sint. nom. fem. Terra própria para o plantio da cana-de-açúcar. É um estado em que a terra não está nem muito seca, nem muito molhada.
Tiborna s. f. Restos da garapa que sobram no tacho no momento da preparação do mel ou da rapadura. Tijolo s.m. Tipo de rapadura em que se acrescentam ingredientes como carne seca, casca de laranja ou coco.
Toco de Cana sint. nom. masc. Em Buriti, refere-se a um pedaço da cana que sobra para brotar um outro pé de cana-de-açúcar.
Tronco da Cana sint. nom. masc. Parte da cana utilizada na produção dos produtos derivados da cana-de-açúcar. É a cana-de-açúcar sem o olho da cana.
Vala s.f. Buraco em formato retangular aberto para a produção de uma linha de pés de cana-de-açúcar.
Palmeiras no R7 Esportes

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Jorge Drexler - Deseo (video clip)




ESSE AI É MUITO BOM. SINTAM O BALANÇO, A LETRA, A MODERNIDADE DESSA MÚSICA. O CARA É BOM, NINGUÉM PODE NEGAR.

Ferreira Gullar - Ouvindo Apenas


e gato e passarinho

e gato
e passarinho (na manhã
veloz
e azul
de ventania e ar
vores
voando)
e cão
latindo e gato e passarinho (só
rumores
de cão
de gato
e passarinho
ouço
deitado
no quarto
às dez da manhã
de um novembro
no Brasil)

Para Gullar, a vida é bem mais simples do que faz o homem. O latido do cão, o vento que paça entrelaçando os elementos do espaço, o ser, que atônito, contempla a beleza do existir, o balanço do existir, a vida simples que emana no centro da capital concretada do coração brasileiro. A complexa terminologia poderia ser traduzida em uma só palavra: momento. Esse poema é intrelaçado, do inicío ao fim, por uma fase do instante, do momento que passa silencioso e cheio de poderes transformadores do espaço. O eu-lírico chama a atenção de seu ouvinte/leitor para que ele pare no momento, para que ele possa ver a beleza real da vida. Esse é um tema latente na poesia de Gullar, exeplos de mensagens como essa, podemos perceber em "A morte de Clarice".

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Finalmente a Linguística graduou

Nós, linguístas (por crença ou por formação escolar), estamos eufóricos. A Línguística finalmente graduou-se. Agora ela amadureceu. Pena que terá que enfrentar um mercado grande e desigual do lado de fora de seu lar habitual, a universidade. Lá fora, o patinho feio terá que enfrentar grandes inimigos, ferozes, fortes, com muitos apoios. Será descriminada, chutada, xingada. Terá que ser mais forte do que nunca. A Linguística vai ter que acreditar, como nunca, em seus ideais e postulados.

Quanto ao feito, devo parabenizar a autora do livro Por uma vida melhor - Heloísa Ramos, que teve a coragem de levar adiante as ideias que discutimos tanto em congressos, seminários, em salas de aulas e espaços públicos, e que tanto são estudadas nas universidades de todo o país, nos cursos de Letras. Finalmente alguém sai do âmbito das portas das universidades para proclamar as boas e científicas ideias que a Linguística vem desenvolvendo ao longo dos séculos. Desde Platão (Lembrem Crátilo) até os dias atuais, a Linguística estuda a língua (as linguas) e seu comportamento. A Linguística, como todos sabem, representa o rompimento com o que foi posto desde os tempos iniciais de nossa existências (lembrem dos retóricos). Um rompimento epistemológico que faltava em nossa sociedade.

Um coisa que sempre me deixou "escabreado" é o fato de que em todos os âmbitos da existência humana, há evolução nos estudos. E ainda mais, essas evoluções não se restringiam aos estudiosos (como acontece com a Linguística). Pelo contrário, elas são comemoradas, amplamente divulgadas. Quantas vezes ideias antigas que os estudiosos nutriam há muitos séculos, são revistas, e quando revistas, são reconcebidas. Essas ideias, quando revistas, a sociedade toma conhecimento exaltando a tal revisão de algo já posto. Um bom exemplo, e trivial, é o reconhecimento do café, ou do chocolate como bons alimentos. Uma hora eles engordam ou emagrecem, outras horas eles são bons para a saude. Nunca sabemos ao certo.


Há evoluções na Biologia, no estudo da História, na apreciação de uma obra de arte (no sentido de haver novas manifestações artísticas, e que por isso, os observadores devam estar aptos a enderem novas linguagens.), mas quando nos deparamos com a inovação dos estudos sobre a língua e suas conclusões (dos estudos), então temos um monte alto e uma parede intransponível para escalarmos.

Do contrário que certos """especialistas""" ( merece um pouco mais de aspas) defendem, o estudo e o ensino de língua devem avançar. A gramática, há muito, não dá conta de explicar os fenômenos linguísticos. Outra coisa é o fato de que o ensino dessa mesma gramática, que repete-se há muitos anos, não tem dado bons resultados, sobretudo, para o Brasil.

Insisto no que já escrevi, em um artigo já publicado (Cf SERRA, 2010): a escola é local em que o aluno deve saber que a língua é mutável, dinâmica, não una. Não há dicionário ou gramática que suporte a grandeza de uma língua. O aluno precisa saber que a língua se modifica (conforme exaustivos estudos feitos) de acordo com a camada social, com o lugar em que o falante se pronuncia, com a importância do receptor, bem como, com o espaço histórico e social de onde o falante desempenha seu papel como indivíduo. É nesse depósito heteroclitico que a língua se molda e evolui, se faz tão moderna e hábil para nós falantes.

A nós, Linguístas (de crença ou de formação), nos resta acreditarmos muito em nosso trabalho. Vejo, em um horizonte não muito distante, um grande desafio que se faz premente há longos e dolorosos anos. É nosso dever ensinar, levar a frente essas ideias que modificaram a vida de muitos que deixarão de ser descriminados por seu modo de falar. A variedade da língua terá que ser compreendida por um número infinito de pessoas, trabalho nosso, da nova geração de linguistas que estão se formando nas universidades e faculdades país a fora. Antes mesmo de Saussure, até os dias atuais, temos materiais (corpora) e ideias suficientes para defendermos nossas crenças.

Torçamos para que o patinho feio, com os nossos esforços, torne-se logo um lindo e corpóreo cisne, como o de Christian Andersen. E que esse cisne chame logo a atenção e demonstre a sociedade a bela e fascinante realidade que lhe está ante os olhos, a realidade da natureza das línguas.

SERRA, Luís Henrique. O léxico das brincadeiras infantis no Maranhão: caminhos para o ensino de língua em sala de aula. In. RAMOS, Conceição de Maria de Araujo; ROCHA, Maria de Fátima Sopas; BEZERRA, José de Ribamar Mendes. O português falado no Maranhão: múltiplos olhares. São Luís: EDUFMA, 2010. P 173 - 182.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Djavan - Samurai

Samurai - Djavan

Djavan é um dos mais talentosos letristas de nossa música. Com uma voz sem igual, o artista encanta e fala de amor como poucos. O amor cantado pelo alagoano é o amor sem medidas, o amor que não tem fim, o amor voluptoso, muito semelhante com a paixão, porém, mais ardente e mais fiel que essa. O amor, cantado por Djavan, deve ser aquele amor intenso sentido por um homem e uma mulher. Aquele amor que vive no mais amplo local das abstrações, aquele amor em que só se completa com o a aproximação da pessoa amada. Só a contemplação não lhe basta, o que lhe basta é o sentir ardente, escorrendo pelo corpo. O que é interessante sobre esse assunto, no cantar de Djavan, é a semelhança desse amor com a paixão. É um amor disposto a tudo, como a paixão ardente. Nesse amor, tudo arde: a boca que entremecida, toca a outra boca da pessoa amada, os braços que não se contentam em sí, o coração que palpita sem parar quando encontra o peito da pessoa amada. Contudo, na música de Djavan, o amor se desasemelha da paixão graças a seu caráter eterno, respeitoso, controlador. No coito do amor, em Djavan, há um desejo mutuo de saciassão. Os dois devem estar de acordo em saciar um ao outro, e não, como na paixão, o prazer de uma mão só. Um bom exemplo desse amor cantado por Djavan é a letra da música "Samurai". Na música, o amor é um poderoso guerreiro que vence a todos que queiram lutar contra ele. Na canção, o homem que tenta lutar com todas as suas forças contra o amor, acaba vencido por ele. Mas, do contrário da paixão, todos aqueles que são vencidos por ele não ficam tristes, ao contrários, ficam felizes, sempre querendo mais dessa felicidade.

Aaaaaiii...

Quanto querer

Cabe em meu coração..

Aaaaaiii...

Me faz sofrer

Faz que me mata

E se não mata fere...

Vaaaaiii...

Sem me dizer

Na casa da paixão...

Saaaaii...

Quando bem quer

Traz uma praga

E me afaga a pele..

Crescei, luar

Prá iluminar as trevas

Fundas da paixão...

Eu quis lutar

Contra o poder do amor

Cai nos pés do vencedor

Para ser o serviçal

De um samurai

Mas eu tô tão feliz!

Dizem que o amor

Atrai...

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Fernanda Brum - Vaso de Alabastro

Adoroa a Deus é mais que cantar

Adorar a Deus é mais que erguer as mãos

Não consiste em rituais e tradicões

Adorar a Deus é mais, mais do que vãs repetições


O vaso de alabatro tem que ser quebrado

E o perfume tem que ser, totalmente derramado

Só quem conhece a grandeza do perdão que recebeu

Entrega em amor, todo o tesouro seu

para adorar a Deus


Adorar a Deus vai além das emoções

É o Santo Espírito tocando E transoformando os corações

Pois a unção e o poder do teu olhar

Nos faz sorrir, nos faz chorar

Nos faz perder para ganhar

terça-feira, 15 de março de 2011

Augusto dos Anjos - Psicologia de um vencido

Há muito devo a esse blog uma postagem sobre Augusto dos Anjos, que quem me conhece sabe que ele é um dos poetas que mais admiro na literatura brasileira. Para mim, Augusto dos Anjos é um dos maiores poetas de nossa literatura, podendo até ser comparado com Camões, expoente máximo de nossa literatura. Alguns podem até dizer: " Que absurdo" ou " Como assim?". De fato, só quem conhece, e ler arduamente, sedentamente a obra de Augusto dos Anjos e seus poemas formalmente perfeito e espiritualmente profundos pode chegar a essa conclusão. Nos versos que se seguem, podemos ver o tratro de Augusto dos Anjos pela forma, mas sem perder por um instante a poderosa essencia do poema. Em Augusto vemos um trabalho arduo de metrificação que ao mesmo tempo parece ser tão natural, dada a excelência das formas. Numa análise profundo do escrito de Augusto dos Anjos vemos um decadentísmo ultragante, galopante, o total desprezo pela espécie humana, que segundo os outros versos do genial poeta paraibano, é fruto " dos partos mais obscuros da natureza":

Versos Intímos


Vês, Ninguém assistiu ao formidável
enterro de tua última quimera.
Somente a ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável


Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que nessa terra miserável,
mora, entre feras, sente inevitável
necessidade de também ser fera


Toma um fósforo. Acende o teu cigarro!
Um beijo amigo é a vespera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja


Se a alguém causa pena as tuas chagas,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija.


Nessa genial obra, Augusto dos Anjos encerra toda e qualquer atitude humana,; anuncia o fim da espécie , que por causa de seu egoísmo e ganância decreta o início do fim da história. Dito isso em outras palavras, seria que o ser humano, como os outros animais, é um ser que precisa estar em grupos, que só se desenvolve com a ajuda dos outros, ou seja, confiando no outro que está sempre a seu lado. Por tanto, o ser humano só se desenvolve porque é um ser social, um ser que cresce pautado na confiança pelos outros seres de sua espécie, que como as outras, quer se perpetuar ad infinitum (sic). Nesse poema, Augusto dos Anjos desencapa e traz a lume toda a ganância e verdade do homem do século vinte que se anunciava promissor e cheio de novidades para humanidade, mas que de fundo trazia um odor insuportável, imoral, odor esse que se espalha e faz os mais fracos de vítima, odor que exala do coração do homem moderno - a ganância. Nesse raciocinio, é importante lembrar as palavras cantadas por Vanessa da Mata em "absurdo": " Desmatam tudo e reclamam do tempo, que ironia , desequilíbrio que alimenta as pragas, alterado grão, alterado pão, sujamos os rios, dependemos das águas, tanto faz os meios violentos, luxúria, ética do perverso vivo, morto por dinheiro" as palavras de Vanessa parecem um grito que ecoa desde as entranhas do poema Versos Ítimos e transormam em signo o clamor ancorado no eu-lírico de Versos íntimos. Esse queconflitante ser, a partir daquele momento (ínicio do século XX), sente um entussiasmo sem igual, que tomava conta da humanidade, que, por sua vez, pensava estar livre de qualquer dependência divina:o homem começara, finalmente, a andar com as próprias pernas. É desse momento da história da raça humana, que Augusto dos Anjos anunciava a semente do que seria hoje o fim da raça humana, que destroi-se e escravisa o outro. Toda essa visão, toda essa leitura do mundo que se anunciava, Augusto percebia por trás da cortina colorida das novidades um mundo cheio de horrores e monstros chamados raça huma.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Reiner Maria Rilker - Canção de Amor

O monstruoso poema de Rilker merece mais uma análise, pois a obra de arte poliédrica, como a de Rilker, merece inúmeras (infindaveis) análises, dada a sua natureza complexa e formidável. Na poesia Canção de amor, o eu-lírico sente-se amarrado a amada pelo amor. O amor, um habilidoso músico, toca e domina a vida dos amantes, que como mera corda de seu violino, são tangidos para que juntos toquem a melodia perfeita que encrementa o coração dos apaixonados. Nessa poesia, Rilker entrega-se sem esforço, a uma força que o domina, que ao mesmo tempo o faz escravo, o liberta, o faz vencedor, dominado e dominador. Assim configura-se a eterna dicotomia do amor - que como já descoberta por Camões ("o amor é fogo que arde sem doer') e pelo Aposto Pedro em Carta ao Conrínthios (texto Bíblico - I Corínthias 13) em que o santo diz que o amor é o sentimento mais podero da tríade perfeita dos sentimentos humanos (A fé, a paz e o amor) - é um sentimento cheio de ondulações, como as notas de um violino.l

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Rainer Maria Rilker - canção de amor


Como hei-de segurar a minha alma
para que não toque na tua? Como hei-de
elevá-la acima de ti, até outras coisas?

Ah, como gostaria de levá-la
até um sítio perdido na escuridão
até um lugar estranho e silencioso
que não se agita, quando o teu coração treme.

Pois o que nos toca, a ti e a mim,
isso nos une, como um arco de violino
que de duas cordas solta uma só nota.

A que instrumento estamos atados?
E que violinista nos tem em suas mãos?
Oh, doce canção.


Railker é sempre notado por sua morbides, pelo apreço à morte, às coisas obscuras. Contudo, nem sempre o poeta traz essa marca em sua poesia. Em canção de amor, Railker mostra o seu lado mais sensual, amoroso. A atmosfera de solidão e desapego pela vida dá lugar a um coração apaixonado, enfeitiçado pelos movimentos da amada, pelo olhar incandescente dela que ao mesmo tempo parece frio e iluminador. Aqui, convida a amada a um lugar em que os dois, juntos e sós, possam desfrutar com mais intensidade e despudores, os frutos que nascem da árvore que os dois juntos cultivam, a árvore do amor e da paixão.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Reiner Maria Rilker - Hora Grave

Rilker é um dos mais celebres poetas do modernismos alemão. Conterrâneo de Kafka, é um dos mais fortes e reconhecidos autores do existencialismo moderno. Foi ele quem levou até o último limite o pensamento existencialista, sem ao menos o desgastar. Na poesia de Rilker, por vezes ,vemos um poeta preocupado com a forma e a descrição, Rilker era dono de verso raros e linguagem tratada, porém, simples. Mas é quando volta-se para o interio do homem moderno que Rilker mostra toda a sua força e talento: Rilker mergulha profundo, e como poucos, na alma humana produzida a partir da primeira revolução industrial, que desemboca, mais tarde.,no homem pós-moderno. Nele, o poeta encontra um imenso e inacabado lago de dor, sofrimento e angústia. Rilker soube tratar da existência humana, suas limitações, suas glórias e pequenez com maestría. A poesia de Rilker é incomum, pois, nela, a alma humana é moldada a seu querer, como se o poeta tivesse o mesmo dom do escultor (Rilker era secretário de Gaudin. Alguns críticos afirmam que o convívio com o escultor francês influenciou e muito a poesia do poeta praguense). No poema a seguir, vemos como é importante e forte a genialidade de Reiner Maria Rilker:

Quem agora chora em algum lugar do mundo
sem razão chora no mundo
chora por mim

Quem agora rir em algum lugar da noite,
sem razão rir dentro da noite
ri-se de mim

Quem agora caminha em algum lugar do mundo
sem razão caminha no mundo
vem a mim

Quem agora morre em algum lugar no mundo,
sem razão morre no mundo
olha pra mim

(tradução: Paulo Plínio Abreu)