sexta-feira, 31 de julho de 2009

Na Rua das Águas Verdes

Na rua das Águas Verdes
tem um manancial,
na rua das Águas Verdes
tudo é natural.

Os gatos miam, as gatinhas também.
Elas passam rixosas
e as raposas dizem:
"Essa cai bem!".

Na rua das Águas Verdes
tem um palco central,
lá tudo acontece e as vezes
cai mal.

De jogos do Brasil a arraial
conversas pernoitadas
a sexo grupal. Tudo isso
(e mais) acontece
na rua das Águas Verdes,
no palco central.

Crianças correndo
pra lá e pra cá.
Homens que gritam
radiolas que esguelam-se
sem para.
Mulheres na porta de cedo,
demanhanzinha, até o sol raiar.

Na rua das Águas Verdes tem:
pedreiros, marocas, carpinteiros
contador e bombeiro, pessoas tristes
e felizes por inteiro
velhotas e marombeiros
traficantes e leiteiros
protestantes e macumbeiros
o país inteiro cabe na
rua onde as águas são verdes.

De todos os seus endereços, como
o 271 não tem nenhum.
Lá agente cresce, grita e
aparece, acorda e adormece,
é feliz e faz prece.
Vem de São Paulo e do nordeste
lá tem gente que presta
que Serra quando precisar.

Lá agente escreve poema
até o dia raiar
nunca um lar como aquele
no número duzentos
e setenta e um,
na rua em que as águas são verdes.

UM BOLO SEM MASSA

BATI UM BOLO SEM LEITE
PEGO A COLHER, MAS NÃO TEM VASILHA
LEVANTO E SENTO, INÍCIO SEM FIM
NAS MADRUGADAS DA VIDA, BATI UM BOLO SEM LEITE
ELE FOI SÓ PRA MIM.

PEGO UM FÓSFORO E PERGUNTO:
"CADÊ O FORNO?"
ENTÃO UM VOZ GRITA
"NÃO TEM"
COMO POSSO FAZER UM BOLO SEM FORNO?
NÃO PARO COM ESSE VAI E VEM.

BATO, REBATO
MOLHO E EMBATO
COM ESSA MASSA OBSCURA
E ICOGNTA
CHEIA DE SOLIDÃO
ESSA MASSA OBSCURA
QUE ME DEIXA DE COLHER NA MÃO.

FUJONA E PERSPICAZ
BRINCA COMIGO
E AINDA ME FAZ CORRER
ATRÁS.

UM DIA TE PEGO
SUA MALINA E LEVADA
E TE TRANSFORMO EM MINHA NAMORADA.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Eu sou um artista
acredite se quiser
minha arte é a palavra
e a sua qual é?

Não sou poeta, e nem rimador
gosto de palavras
é só isso meu senhor.

Nada de rimas,
de metáforas
decassílabos
ou coia assim

Só uso a palavra
pra falar de mim.

No Tempo que eu era criança.

Quando eu era criança
ninguém era assim:
alto, presunçoso
redíl e orgulhoso
triste ou medroso.

Não existia negro,
nem branco, nem homossexual,
homem ou normal
existiam pessoas.

Quando eu era criança
as goiabas eram mais gostosas.
A menininha, mais cheirosa
minha mãe bondosa.

Ah, quando eu era criança!

Quando eu era criança
a televisão do vizinho
falava comigo em preto e branco
falava comigo e eu respondia.

Quando eu era criança
a sova não doía
(nem as palavras)
meu coração não doía
não tinha medo
quando eu era criança.

Quando eu era criança
não existia a palavra mágoa.
Quando eu era criança
peguei um motor que me trouxe
pra cá.

Por favor, a quem se importar
quem vê esse motor de novo
me avise, pois quero me transportar
pro tempo que eu era criança.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Meu traduzir-se

a Ferreira Gullar
Enquanto uma parte de mim
está na terra, a outra está na lua.
Uma parte de mim está em casa e a outra na rua
Uma parte de mim me faz pensar e a outra assim.
Uma parte chora, sorrir e ignora
e a outra se comove e move
uma parte de mim está imóvel
a outra jamais ri e vai embora
Uma parte é combatente e pungente
uma outra é irracional e emergente
uma parte de mim é medrosa
Enquanto uma parte lamenta
a outra é fugaz e intensa
diz: "Vai" e a outra grita: "Não demora"

Ao meus leitores

Tenho me preocupado quando as irregularidades de minhas poesias, pois aos meus leitores digo: essa preocupação sumiu, pois entendo que meus versos evoluíram, estão diferentes, são mais agressivos e mais depressiativos. Simplesmente demonstram o meu novo jeito de ser, a minha nova forma de ver a vida. Graças a Deus, evoluímos. Imagine se ficarmos sempre na idade pueril? O mundo, de maneira alguma, consegueria evoluir, nós não chegaríamos onde chegamos hoje. Por se tratar de poesia, uma parte do ser humano, ela evolui e retrata aquilo que somos.

No meio da Ilha do Amor.

Tenho um amigo: eu
Tenho uma companheira: a solidão;
juntos eles dilaceram minha alma,
esmagam o meu ser, o reduzem
a mais baixa condição humana.
Com seus vergalhões,
rasgam minhas roupas festivas,
me destemperam,
me racham.

Onde estão as flores do jardim de Deus?

Qual a ave de Prometeu,
dilaceram meu fígado e ele sara.
Mas em algum dia, amigo meu,
te prometo, vou me livrar dessas garras.

Vou voltar a sorrir nos braços de minha
amada, mesmo que seja no tempo do nunca;
pois no meio da Ilha do Amor,
eu estou sozinho.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Versos de um bobo

Me lanço mais uma vez
nesse mar de poemas
que prometo, minha querida,
nunca vai secar,
mas sim,
sempre te lembrar.

Qual o teu rosto,
como é tua pelugem,
e teus olhos?
Estou tentando encontrar
um adjetivo que os qualifique.
Nem a Capitu de Machado
tem olhos tão meigos e resacados
quanto os teus.

Teu interior é quente,
mas quente até, que o
Cogumelo de Hiroshima.

Teus cabelos, parecem
seres sibilantes e altos.
quanto so toco
me trasporto junto as ninfas
de Apolo.

Estou apaixonado
sem nunca te ver,
mesmo que pareça
que vou sofrer.
Pra ti meu amor
vão esse pobres
versos, sem rima
sem lógica, e sem
beleza.

Porque está, meu amor,
só tu a tens.

terça-feira, 14 de julho de 2009

MEUS VERSOS SECOS ( VOLTA POESIA)

Poesia, cadê você?
Faz muito que não te vejo (sinto).
Como Maiakóvski levanto
o meu crânio, mas do contrário
desse, seco de versos.
Como te quero perto
minha amiga poesia.

O que te fiz para negar-me
teu doce e espumoso pão?
te xinguei por um acaso,
ou te neguei?
o que te fiz?

Mas se um dia, meu amor,
quiseres me ver feliz,
vem me visitar
porque eu, a caneta
e o papel estamos
te esperando.

II

Ah como eram belos
aqueles versos floridos
encandecestes, sorridentes,
medrosos e valentes, antitéticos e cadentes.
Gostava quando espremia meu ser
até liquefazê-lo.
quando me banhavas com teu alabastro
de palavras.

volta, poesia!

Meu amor por São Luís

São Luís
Ilha do amor
quando quero me apaixonar
é pra te que vou

São Luís
Ilha do Amor
meu amigo o perdeu
e foi lá que encontrou

São Luís
Ilha do Amor
Quando meu coração esfria
e me alma desalumia
é para lá que vou.

Praias, casarões,
bairros e Boqueirões
poetas e ladrões
rebeldia e canções
como te amo
São Luís do Maranhão

Teus becos fecais
teus diamantes negros
e enfileirados
teus bois e tuas matracas
danças e provocações.

O que seria de mim,
se tu não existisse
São Luís do Maranhão

Minha terra não tem mais palmeiras
tem donos
as aves que aqui gorjearam voaram
rumo à democracia

Em todo o mundo
quem manda é o povo
mas aqui não
afinal de contas
aqui é o Maranhão

Com tudo isso
te amo
Ilha do Amor
pois, quando quero
me apaixonar
é pra ti que vou.